quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Saudades do meu blogue...


Tenho deixado passar alguns dias entre posts. O motivo alguns decerto adivinham. Mudar para outro país, assim, sem mais nem menos, implica investir tempo e dinheiro. Embora tenha um pouco dos dois, devo aconselhar a quem estiver a pensar o mesmo a preparar-se melhor.

Então como foi que decidi partir?

Bom, tudo aconteceu por causa de uma oportunidade de trabalho. Uma nada de especial, mas sempre era mais do que Portugal consegue oferecer. E assim, vim. Com alguma antecipação para usar esse tempo para tratar das coisas burocráticas que só podiam ser tratadas no próprio país. Ou assim me disseram....

O mais doloroso é a quantidade de dinheiro que uma pessoa tem de gastar. E o que é pior, a conversão do euro para a moeda corrente. Além dessa perda, existe a comissão cobrada pelo banco... A quantidade de Euros que já «voaram» pela janela dessa forma chegou às centenas e isso impede-me de ter um sorriso no rosto.

No que respeita a dinheiro, aconselho a quem pensar fazer o mesmo a já ter algum consigo. Se isso não for possível, o melhor é mesmo ter alguém conhecido nesse país, disposto a emprestar uma pequena quantia inicial. Isso poupa muitos euros e a pessoa pode sempre receber o empréstimo com um acréscimo.

Era isso que teria feito agora, caso me tivessem avisado. Ainda tentei, nestes últimos dias, mas sinceramente, faltou-me a lata e a confiança. Sabem quando as pessoas dizem que ajudam mas... nota-se que essa ajuda não incluí nada que perturbe o próprio conforto? Pois o melhor é sempre contar connosco, sozinhos.

E JAMAIS troquem dinheiro no terminal do aeroporto.
Ainda nem tinha saído de lá e o rombo já era superior à centena.

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A outra parte dolosa é encontrar habitação para morar. Existe muita oferta, porque há muita procura e também muitos tipos de arrendamentos. O mais comum é a renda não declarada... que não passa recibo mas cujo contrato te mantém bem agarrado. Infelizmente foi nesse que caí. E só o percebi há 2 dias. Tendo gostado do ambiente de uma casa que fui ver, lutei por essa. A senhoria decidiu então dar o quarto a outra pessoa. Quando soube disso fiquei devastada... mas ainda assim, algo dentro de mim pareceu-me querer convencer que era um sinal para procurar noutro lado. Só que eu não escutei. Decidi não desistir e fiz uma nova tentantiva... a senhoria e os atuais inquilinos decidiram então que me preferiam (não foi por desinteresse, acreditem) e ela impôs como condições um contrato mais curto e o pagamento adiantado de dois meses de renda mais uma caução.

Ora pois... eu fiz isso. Se bem que na véspera, quando me recusou, eu já tinha encontrado outra casa que me pareceu até mais confortável. Só que seca... vazia... sem alma. Apenas um quarto, frio, moderno, isolado. Ali não teria nada além de um ocasional «bom dia» de um qualquer outro inquilino com quem dividia as áreas em comum. E eles eram uns 8. Estava exausta de tanto esperar e de tanto procurar. Então, com as duas ofertas disponíveis ao mesmo tempo, decidi ficar pela primeira que me agradou. Dinheiro todos eles pediam, e não era pouco. Como não tens «garantias» para dar - número de segurança social do país, conta bancária, contas em teu nome para um teu endereço, contrato de trabalho, etc... usam isso para extorquir mais dinheiro. E é o dinheiro que abre as portas. Só que... é ele que te aprisiona e também é ele que te limita.

Na pressa não entendi bem as condições para habitar o quarto, que nem sequer estava ainda disponível nem teria condições, depois de abandonado, de ser habitado. Teria de esperar... que sofresse pequenas reparações. O que entendi é que teria de dar uma caução de um pequeno valor, seguido de dois meses de renda só para garantir o quarto. E então, mesmo perdendo um absurdo de dinheiro, foi o que fiz. Há dois dias entendi que percebi mal os termos quando a senhoria avisou-me que tinha de pagar DOIS MESES de renda adiantado. Eu a pensar que essa parte já estava resolvida. Só que não. O que ela tomou como caução foram os «DOIS MESES de renda», e como parte de renda, o pequeno valor monetário (metade da renda mensal). Ora, isto quer dizer que ela vai sempre guardar junto dela dois meses de renda, sem intenção de os devolver até o momento em que eu quebre o contrato e queira ir para outro lugar. Mas há mais:

Com os seus quase 30 anos de «experiência», esta senhoria diz que mantem com ela esse valor de metade da renda se eu decidir sair da casa ao final deste contrato de curto-prazo. E depois, ela ainda vai inteirar-se se existiram danos ou prejuízos e cobrá-los... do restante. E como a casa dispõe de um jardim, abandonado e ao qual foi vedada entrada assim que vim ver a casa, mas o contrato estipula que cuidar do jardim é obrigatório, essa é outra «despesa» pela qual vai cobrar.

Ganhar dinheiro assim é muito fácil... A senhoria vai cobrar todas as despesas que teve com o quarto ao anterior inquilino. Está certo que ele não era um inquilino cuidadoso, deixou algumas coisas estragadas e era barulhento. Mas chiça... ela não vai gastar um cêntimo do bolso dela. Quando um inquilino sai, existem sempre limpezas a se fazer. Mesmo que ele tente limpar o quarto, se este não era regularmente limpo há sempre sujidade a precisar de uma boa limpeza. Pois até o pó que foi tirado das persianas ela vai-lhe cobrar.

E pronto. Por enquanto é isto.
Gostava de poder dizer que estou feliz. Mas não estou. Não inteiramente.
Não me agrada estas condições mas o pior nem é isso. O pior é que, afinal, existe uma ovelha ranhosa na casa... Um tipo meio antisocial, preguiçoso, insatisfeito, que se acha dono do espaço e que implica com tudo o que os outros fazem e nem é da sua conta. O «unha e carne» da senhoria...

Se não fosse por isso, até estaria bem. Porque dinheiro é apenas dinheiro.
Mas sentir que, afinal, não posso circular pela «minha» casa com liberdade, que tenho um urubu a vigiar os meus passos, a tentar incutir-me alguma responsabilidade danosa, a ir espreitar a ver se algo ficou sujo mesmo que tenha sido ele a deixar tudo uma porcaria só... E que ainda por cima passa quase toda a semana a descontrair em casa, quase que não vai trabalhar... Isso é que me impede de me sentir bem. Afinal, parece que preteri um ambiente «hospitalar» por um de «opressão comunista».

É isso que temo.

Bom, mas fiquem bem!

11 comentários:

  1. Vai tudo correr bem, tens de ter calma..estás em que Pais? Atenção, o dinheiro nao é tudo, mas é algo imporante também! beijinhos

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    1. Foi o que escrevi: Dinheiro é aquele rombo, mas o pior são outras coisas. E tens razão: é ter calma e deixar que um dia se siga ao outro :) Vai correr bem certamente, porque sinto que aqui há espaço para tal. E algumas pessoas são simpáticas de graça :)

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    2. Cuidado..com as "muito muito" simpáticas..o pobre deve desconfiar sempre!! hehehe

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  2. Lamento que se sinta assim.
    Espero que brevemente mude de opinião e tudo entre nos eixos.

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    1. Ontem senti sim. Hoje cedo já estava nas nuvens. Mas aí o Urubu preguiçoso veio pedir dinheiro para as despesas e acrescentou um valor extra pela minha presença antecipada. Como se fosse um favor, ainda por cima, que me fizeram e pelo qual não estou a pagar. Mas tudo bem. Essa parte, como já disseram, é apenas dinheiro. Kkkk.

      Tenho de dar tempo e vai sim, tudo entrar nos eixos. Por cada pessoa menos correcta que me aparece à frente, à de aparecer duas espetaculares :))
      Obrigada pela visita, Pedro :)

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  3. Parece que de momento a situação não é famosa, mas esperemos que tudo entre nos eixos.
    Um abraço e que corra tudo bem com o emprego.

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  4. Mudar de país requer sempre algum dinheiro porque os gastos nos primeiros tempos são avultados e o salário só entra ao fim do primeiro mês de trabalho. Se não fosse esse entrave financeiro, já me tinha pirado daqui há muito tempo...
    Quanto à situação da casa... Muito mas muito chato... Mas pensa positivo, dias melhores virão. Estas num país novo, com novas oportunidades, tudo há-de melhorar.
    Parabéns pela coragem.
    Beijinhos

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    1. Coragem que também demonstras B.
      Aliás, povo Tuga tem essa energia, essa força...
      As coisas depressa entraram nos eixos aqui por casa. O resto do pessoal, aparentemente farto da tirania do outro, «meteu-o» na linha eheheh. Por enquanto, tudo calmo... cada qual na sua vidinha.

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  5. Também não era preciso mudar de país só por causa do semáforo à janela! :-)

    Mudar de país, é quase mudar de vida. É difícil no início, mas decerto que as coisas melhorarão. Será uma questão de tempo.

    Espero que não abandone esta casa onde nos encontramos. É sempre um prazer poder ler o que escreve.

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    1. Oh, Hugo! Percebes-te logo a minha motivação ahah! Que saudades das buzinadelas logo cedo pela manhã :P

      Aqui sempre senti que tinha um rumo para seguir, fosse qual fosse. Em Portugal estava dependente das «migalhas» de oportunidades. E a minha força para o trabalho vinha e continuaria a ser continuamente desperdiçada.

      Mas será sempre o meu país. Não sei é se um dia vou conseguir voltar para ele e aceitar tanta coisa que, decerto, se passar anos a viver noutro lado, me incomodarão.

      Obrigada pela visita :)

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  6. Depois de tanto sacrifício, o que interessa é que valha a pena. Coragem!

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