quarta-feira, 12 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carta de índio a Homem Branco actualmente


Até ler a “Carta do índio Seattle ao Homem Branco” (http://www.culturabrasil.org/seattle1.htm) datada de 1855, sentia-me uma incompreendida entre iguais. Isto porque me incomoda viver na cidade e respirar ar saturado, por exemplo. Entre outras coisas que sinto que me tiram a saúde e incomodam-me, está o facto do dia começar com agressões aos pulmões e, sempre que procuro “refúgio” na brisa que traz um leve aroma a flores, a poluição sobrepõe-se e domina. Rouba-me o prazer que ia começar a sentir. Posso usar o dia de hoje como exemplo. Todos os dias de trabalho começam da mesma forma: com uma subida até a paragem do autocarro. Sim, porque com toda a tecnologia e progresso da sociedade, ao invés de ter o transporte na paragem perto de casa, tenho-o noutra paragem mais distante, a uns três ou quatro minutos de subida. Consigo avistar a chegada do autocarro ao longe pelo que, tantas e tantas vezes, é preciso correr muito para o conseguir alcançar. Neste breve mas esforçado percurso, raramente o consigo fazer sem sentir os pulmões a ser inundados de fumos indesejáveis. A começar pela poluição automóvel, que até nem é a maior agressora, para quem já se “acostumou” um pouco e não caminha rente à estrada. Esta está sempre presente e é o ar que respiramos, não temos como contorná-la. Mas incomoda-me muito, por exemplo, que tenha todos os dias de passar por um grupo de homens que, parados na rua, têm a carrinha a funcionar durante largos minutos e ficam de fora a fumar cigarros. Por mais afastada que tente passar e por mais que evite até respirar aquando passo, o vento sempre conduz o fumo dos cigarros aos meus pulmões e a primeira sensação desagradável do dia começa de imediato. A agressão persiste com o ruidoso motor da carrinha, sempre a roncar. Não entendo porque as pessoas só não ligam os veículos quando realmente vão arrancar neles. Escutar um camião, uma carrinha, seja o que for, com o motor a “roncar” por mais de meia-hora (como era frequente na zona habitacional) é terrível. Mesmo fechada em casa, o ruído tem o poder de ser... ruídoso, logo, incomodativo, até para os que pensam não se incomodar, resguardados que estão pelas paredes de betão.

Hoje corri para apanhar o autocarro, ao avistá-lo ainda longe. O que me leva um minuto e meio a caminhar, demora 5 segundos para a viatura percorrer, pelo que correr muito e a subir, é cansantivo. Quase fiquei sem ar mas consegui ser a última a entrar no autocarro. Porém, a satisfação foi sol de pouca dura porque fui logo novamente agredida pelo distinto odor de vómito mal limpo. E eu a ofegar por ar, a ter de respirar aquele! Uma tortura e ainda não tinha saído de casa fazia 5 minutos...


Ao ler a carta do índio ao homem branco percebi que é natural ter estas sensações. É sinal que sou uma pessoa sã, que gosta da natureza, de escutar o canto dos pássaros, de cheirar as flores e despreza um tanto a poluição e as suas consequências. Não sou eu que estou errada. São os outros :-). Porque eu, como selvagem, não passo de uma “pele vermelha” que gosta de respeitar a natureza e preservá-la. Com toda a razão que o índio tem, falhou apenas numa coisa: nem todos os brancos são iguais... aos brancos. Há brancos, pálidos como eu, que são mais “vermelhos”... ou verdes, já que esta é a cor da ecologia. Como em tudo, existem homens bons e homens maus. Mas, como sempre, quem fica em vias de extinção são as “peles vermelhas”...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ver o Papa

Apetece-me ir ver o Papa e estou a pensar pedir dispensa do trabalho amanhã. Na verdade, nem o necessitaria, visto que sou trabalhadora por conta própria e não tenho nenhum trabalho prioritário que me impeça. Mas é um hábito difícil de perder, este de me comportar como funcionária que deve algo a alguém. Na verdade, até cumpro horário fixo de 9 horas diárias. Dou mais do que recebo, isso é certo e sou generosa. Por isso, estou determinada em ter a tarde livre para ir ver o Papa Bento XVI.
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O que me leva a desejar fazê-lo não sei bem explicar, mas é algo que sinto ter de fazer. Tenho mesmo vontade e se virar as costas a ela e seguir a vidinha do costume, vou lamentar.
Porém, já imagino as reacções. Se fosse um jogo de futebol, como a loucura de ontem à noite sobre a vitória do Benfica, ou um concerto do Rock in Rio-Lisboa, como será o de Miley Cyrus, ninguém estranharia. Mas este desejo, que vem de dentro e não tem explicação de especial, será, decerto, alvo de chacota.
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Não me importa. Apetece-me estar inserida naquela multidão de massa incógnita. Não por mim, que não vou lá por vaidade, por querer ser especial por ver o Papa - na realidade, nem sei se terei como vê-lo, visto que deve existir uma multidão entre nós. É mais um sentimento de abnegação que me move. Fazer parte de uma massa incógnita que tem um propósito comum que não sabe bem definir. Acho que vou pela paz. Quero paz. Para todos, para o mundo. Quero aproveitar essa energia e contribuir com a minha parte. É por isso, por um todo onde eu não sou nada, que me apetece ver o Papa e participar na energia da multidão.
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Afinal, a visita de um Papa à capital deve ser tão rara quanto é a passagem do cometa Halley. E daqui a 76 anos, não estarei cá ou, se estiver, provavelmente falta-me a vontade que sinto agora.
Por tudo isto, conto em ir ver o Papa. Sozinha, em sossego, em silêncio... meditando interiormente, observando e sentindo seja lá o que for que a sua presença e a sua vinda venha amanhã a proporcionar.
Bem-haja a todos.

sábado, 8 de maio de 2010

Lisboa prepara-se para acolher o PAPA

Vem aí o Papa Bento XVI.

Discretamente, Lisboa muda a sua aparência para receber o Santo Padre. 52 postes com a bandeira de Portugal, da cidade e do Pontifice adornam agora a zona dos Restauradores. Mais bandeiras foram colocadas no alto da Estação de comboios do Rossio. No largo do Teatro D. Maria, não fui ver o que se passava, mas interrogo-me se vão expulsar os mendigos que ali moram. Um cartaz gigante no edifício do BES na rotunda do Marquês do Pombal anuncia o dia e hora da missa na Praça do Comércio. Discretamente, uma grua junto a um poste de iluminação instala um holofote de luz na direcção da imagem do cartaz. A capital está subtilmente a preparar-se para receber o Papa...

Mas... bandeirinhas? O Papa já deve estar cansado de opulência e bandeirinhas por todo o lado onde vá. Acho que seria mais proveitoso convidar a Santa Figura para um jantar a uma casa humilde, numa zona do interior de Portugal, dentro do contexto de uma típica recepção Portuguesa. O Papa devia conhecer uma família à hora do jantar... "Uma casa portuguesa, com certeza!" - é isso que falta ao Papa. De viver em paredes de ouro e rodeado de opulência deve ele estar cheio!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Conduzir e comer

Vêmo-lo nos filmes americanos – o hábito de conduzir e comer ao mesmo tempo. Lembro de um episódio dos Simpsons, em que a personagem de Homer ridiculariza essa situação ao extremo. Conduzir passa quase a ser um acto secundário, pois comer é um bem de primeira necessidade. Na América, o costume é antigo e é esperado ver pessoas a comer o seu “Chicken with fries” (Pernas e asas de galinha com batatas fritas) with coke (com coca-cola) enquanto conduzem. Mas em Portugal, graças a Deus, o costume é outro. Esta moda não parecemos nós tê-la importado. O nosso hábito é, quando com fome, parar numa estação de gasolina e ir ao refeitório. Antigamente, paráva-se em restaurantes e cafés, porque postos de gasolina equipados para fornecer refeições não existiam em toda a parte. Mas o melhor hábito – ainda não perdido mas talvez em vias de extinção, típico português, é o pique-nique. Não devem os americanos invejar-nos esta capacidade? Acho que sim! Diz-se que George Clooney vive em Itália porque se apaixonou pelo “savoir-faire” do povo. No momento em que viu um agricultor a regressar calmamente a casa, a cantar e a assobiar, ao vê-los tirar uma hora ou mais para almoço e a fazer a sesta. Os portugueses não são tão relaxados assim e largámos a enxada à muito, para total desnorte de gerações que ainda pisam a terra. Mas alguns desses hábitos do campo permanecem no nosso sangue, por mais que as coisas mudem. Contudo, hoje vi uma coisa desconcertante. Uma mulher ao volante de um mercedes, começou a dar as primeiras mordidas num folhado, que segurava com a mão esquerda enquanto tinha ambas as mãos no volante. Atende o telemóvel com a mão direita e depois tem de pôr a mudança para arrancar com o carro. Comer, conduzir, falar ao telefone... que a moda não pegue, pois prefiro que os portugueses continuem a estacionar o carro e, com gosto, dirigirem-se a um posto de gasolina para sentar e comer. (embora prefira os pique-niques!).