quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mudanças de hábitos INTERNET

Sou  da  opinião  que as  mudanças  graduais são as que mais ameaças apresentam. Porque  as pessoas  não percebem que o  que  as rodeia, e  elas  mesmas,  estão  a mudar. Depressa se  alteram  os hábitos, sem que  se  dê  conta da magnitude de  tudo.

Por esta razão  considero as mudanças súbitas muito mais  benéficas. Assustam-nos  de morte. Temos receios,  medos,  é  o desconhecido... mas uma mudança súbida não tem máscaras. É  o  que é. 

A  principal  mudança na  sociedade tem origem  na tecnologia, em  particular na internet. Esta  surgiu gradualmente, mas mudou radicalmente todos  os  costumes. Costumava pegar numa caneta e  escrever um diário, agora escrevo aqui.  Costumava sentar na cadeira  a ver televisão, agora distraio-me no computador. Costumava  brincar com outras crianças aos jogos de tabuleiro,  cartas, ou jogos de  contacto físico. Agora  brinca-se na  internet,  a  jogar  jogos  virtuais.

Mudanças radicais, mas  graduais. Pouco recriminadas  porque ninguém tem  nada realmente  mau  a  apontar à  internet,  só  benefícios. E  fica-se viciado  nisto! Diria até que dependentes!

A  internet serve para tudo: precisa-se de saber onde fica  determinada rua? Vai-se à internet. Queres  saber  uma receita  especial? Vais à internet. Queres  rir um bocadinho com  scketchs de humor  ou ler  umas piadas? Vais à  internet. Queres trocar  de carro, comprar um animal, vender alguma coisa? Vais á  internet. Procuras emprego? Vais à internet.  Precisas de comprar  mercearias? Vais à internet. E que tal fazer umas transacções  bancárias? Vais  á internet! Queres  falar com os amigos? Vai à internet. E  que tal  namorar  um  bocadinho? Vais à internet!

As  pessoas não têm presente  na  consciência o  quanto mudam. Podem achar que  não,  mas  a  isso são  conduzidas  sem  se  darem  conta.  Mesmo quem, eventualmente (não  sei  se  existe),  não tenha internet, acaba por ser conduzido a usar o serviço. Por exemplo: os pagamentos  à Segurança Social  deixaram de ser  possíveis pela via presencial, num balcão de uma das  instalações do Instituto, em  frente  a uma  pessoa de  carne  e osso. Parece-me  que  só se aceitam formulários via-internet.

Estava lá uma vez e  vi  a aflição de algumas pessoas mais velhas,  que logo  afirmavam: mas  eu não tenho  isso! Não percebo  dessas coisas!
 - "Então  peça  a  alguém  para  a/o  ajudar". - responde a/o  funcionário.

E pronto! Parece  tão simples!! Mas  não é NADA simples. Descartam-se das  pessoas e dos problemas  com facilidade,  mas ele(a)s não deixam de existir!


Precisei escrever sobre este  assunto  porque comigo sucede-se o seguinte: entristece-me quando oiço dizer "está na internet,  procura". Qualquer questão  que  se tenha, a resposta vem igual. Mas que raio!  Acho que as  pessoas estão a ser preguiçosas e não  necessáriamente práticas ao depositar  demasiada fé numa coisa.  É  quase deixar  que essa  coisa pense por elas. Por exemplo: uma pessoa mandou-me procurar uma informação que estava  num  site. Mas não sabia que site era esse. Apenas que se tratava do site de um "Instituto" e que o nome era "Portugal qualquer-coisa".  Com esta e outra referência, achou que tinha dado todos os dados necessários para qualquer pessoa chegar à informação.

É claro  que não se  consegue!!
E  depois desenvolve-se uma "conversa  de  burros", em que uma pessoa  diz que "só encontra isto" e  a outra responde  "mas no site  vem  a dizer aquilo"  e,  para  agravar, a  pessoa também nunca viu  o site, foi  uma terceira  que ouviu dizer  que era assim!

Não gosto. Detesto! Faz perder tempo. É informação  inútil, que  ainda por cima conduz  a  conflitos. Se formos a ver o  método tradicional, quando em comparação, acaba por sair em desvantagem. Preciso de uma informação, vou ao tal Instituto e pergunto! É  mais rápido ou não??

A geração dos meus  avós "aventurou-se" no  mundo  por  necessidade de uma vida melhor. Abalaram do norte  porque disseram-lhes que  havia  uma "vida  melhor"  em  Lisboa. E  partiram  apenas  com a vontade de encontrar essa vida  melhor e confiantes  na sua  capacidade  de trabalho. Ao chegar-se  ao  destino, "achavam-se" os  compadres pela  boca. Dizia-se a um qualquer trauseunde o nome do sítio onde  se queria  ir e  bastava-lhes  seguir as direcções para chegar lá.


Agora temos  a  internet, temos  GPS, mapas, temos tanta  coisa mas  falha o  principal: falta-nos o NOME!

E,  sem nome,  não se  chega lá. Haja a  tecnologia que houver,  ao  invés de se  encontrar o "Instituto X",  encontram-se  os Institutos  do abecedário inteiro!!

"Mais" não é melhor. "Fácil" não significa  rápido. Até  porque  se  perdem  muitas horas de volta dos afazeres  e  entretenimento que a internet  e outros  gadgets tecnológicos proporcionam.  Não sobra muito tempo para outros convívios.

Não,  definitivamente, a  internet  não  torna nada mais  rápido,  porque  a dependência  é  muito morosa!! E a qualidade que impôs nos trabalhos exige uma utilização de recursos  mais ampla,  o que  aumenta o  tempo de execução  de qualquer tarefa. Utilizam-se mais ferramentas,  mais programas...

Um dia de  24h não chega para tudo o que a internet  tem  para  nos  aliciar...

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