quinta-feira, 26 de maio de 2016

Veganismo vem com Pedantismo?

A propósito de um shiuu e outras páginas na net que calho encontrar, esta semana tenho me deparado com o tema do veganismo

O que é? Pessoas que não consomem carne. Preferem comer apenas vegetais e até cortam qualquer material originário de animais das suas vidas.


A polémica em torno do se ser vegan não está na opção, mas na forma como alguns se apresentam ao mundo. É comum, como encontrei num segredo shiuu, a pessoa achar que a escolha que tomou a faz melhor que os outros e critica com alguma ferocidade aqueles que são "comedores de carne". Quase sempre evocando o sofrimento do animal, quase que a chamar de canibais e a dizer mesmo que são iguais a assassinos os que consomem qualquer produto carnívoro, até mesmo leite.

É uma postura desagradável, sem dúvida. Que tem laivos de pedantismo, arrogância e extremismo. 

Mas fiquei a reflectir neste assunto - que jamais terá um consenso - e cheguei a uma abordagem que penso ser pouco vista pela maioria. Há duas razões que podem levar uma pessoa a decidir-se em optar por este life-style. Uma é a saúde, o não apreciar carne e se preocupar com os perigos da mesma - a que, infelizmente, penso ser a razão mais rara e mais atribuída ao vegetarianismo. Outro motivo completamente diferente é se achar um defensor da vida, um justiceiro numa cruzada a favor dos oprimidos animais. E ao se ver pecado, crime... então não se está muito distante da radicalização. E aí é que está o problema... a meu ver.

Se a opção foi tomada por esta "consciência", então não adianta muito tentar o diálogo, porque são formas de ver diferentes e uma é totalmente inflexível e unilateral. Tem raiz assente numa ideologia utópica. 


Eu me compadeço com o sofrimento de tudo o que é criatura viva, mas não sou de radicalismos ao ponto desse ser o motivo para eliminar "a morte" da minha vida. Até porque não acredito minimamente que se tornar vegan faça qualquer diferença no mundo que os próprios tentam combater. Nem a mínima. 

Pode fazer nas suas consciências. Num caso pontual. Mas no mundo? Só as catástrofes têm esse efeito. O problema na postura radical do vegan é mostrar-se capaz de adorar um surto da doença das "vacas loucas" só para hastear a bandeira da sua "correta postura" na vida. O problema é alguns dizerem e acreditarem realmente que "se matas" (comes carne) mereces "ser matado".

Porque foi isto que surgiu comigo, durante uma conversa nada a ver com nada a respeito deste assunto. Estava num site onde vejo programas sobre investigações de homicídios e num caso em que uma jovem atacada por um serial killer consegue estoicamente sobreviver, uma pessoa (que imaginei muito jovem) comenta: "É lamentável que a comedora de carne não tenha sido assassinada!".


Pacientemente lá tentei entrar num diálogo tranquilo e transparente sobre a abordagem do indivíduo. Acredito que mais pessoas poderiam optar por este estilo de vida se não fosse por esta tristeza de comentário e postura violenta. Para quem apregoa "não-violência e compaixão" desejar que um ser humano fosse assassinado é uma emoção vil. Parece que estas emoções de compaixão e não violência apregoadas pelos vegan destinam-se exclusivamente aos animais, não às pessoas. A menos que façam parte do seu «grupo» eleito. 

Já o "comedor de carne" sente compaixão generalizada, no meu entender, seja por animal ou humano. Não deixa de comer carne, mas compadece-se com o sofrimento que encontra e age diante do que vê. Não diante do que não vê, é verdade. Mas quem ousa dizer que uma forma é mais legítima que outra? O vegan ousa, porque é a essência da sua postura ideológica. 


Parece-me que se compadecem mais com o que não vêem, com o que imaginam, o que leram e ouviram, no que acreditam e até pode se tudo verdade. Não digo generalizada, porque isso em si é uma falácia. Nem todos os matadouros são cruéis no acto de sacrificar o animal pela sua carne. As leis desenvolveram-se ao longo dos tempos para se humanizarem diante desta dura realidade. Podiam muito bem não ter dado "cavaco" mas a sociedade humanizou-se nesse sentido. Por muito que o vegan proteste, não pode salvar um único animal do abate. E por isso a sua opção de vida não deixa de ser hipócrita. Perseguem os indivíduos e não poupam um único animal. Pode fazer a pessoa sentir-se muito bem - consigo compreender isso. Mas na prática, é muito alarido para nada... 


Vou comparar - já que em termos de comparações alguns vegan não colocam limites, com o expansionismo marítimo e o crescimento da escravatura. Ninguém na minha árvore genealógica alguma vez possuiu um escravo e, que eu imagine, penso que ninguém tenha legalmente sido um. MAS... ainda que eu, se vivesse nesse tempo, fosse contra a escravatura - como muitos decerto o eram, o que é que me adiantaria levantar cartazes, usar t-shirts, entrar numa de insultar os escravagistas? Fazemos uma ideia quase romântica das razões que conduziram ao fim da legalização da escravatura. Mas na realidade, por muito que se protestasse, esta terminou quando deixou de ser rentável. Quando OUTRA coisa veio tomar o seu lugar.

E é assim que tudo muda neste mundo. 

Arranje-se outra forma igualmente lucrativa de comercializar alimentos sem que esta implique produção em excesso. O que significa, no caso dos animais, o fim da morte em excesso. E no caso dos não animais a mesma coisa. É por aí que se pode fazer a diferença. 

O resto é como o Lobo Mau... sopra, sopra, irrita-se, briga mas... a casa não vem abaixo. 







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